O governo de Moçambique precisa cortar aproximadamente cinco mil funcionários fantasmas de sua folha de pagamentos até o final deste mês, conforme alertado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Essa medida faz parte de um plano maior que visa reduzir os gastos com a folha salarial do setor público de 14,8% do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano para 10% até 2028. Esse plano inclui também a aceleração da aposentadoria para funcionários que atingirem 60 anos.
A necessidade de controlar os gastos salariais, que atualmente consomem 72% das receitas fiscais de Moçambique, foi um dos fatores que permitiu a liberação de 60 milhões de dólares pelo FMI na semana passada. Esse valor estava em risco de ser adiado para o próximo ano, caso o país não demonstrasse compromisso em ajustar suas despesas.
O FMI expressou ainda preocupações sobre a percepção de corrupção no país, que não mostra sinais de melhora desde 2017. De acordo com um relatório da entidade, a corrupção é vista como endêmica e a impunidade em grande escala continua sendo um problema recorrente, com redes de clientelismo frequentemente associadas à filiação política.
O relatório do FMI também recomenda que Moçambique renove suas declarações de ativos e leis de conflitos de interesse, alinhando-as com as normas internacionais e melhores práticas. Além disso, enfatiza a importância de maior transparência nos contratos públicos, especialmente considerando o papel significativo das empresas estatais na economia do país, o que acarreta riscos substanciais de corrupção.
Em 2022, o valor total dos ativos das 21 empresas estatais de Moçambique representava cerca de 70% do PIB do país, segundo um relatório separado do FMI. Dessas empresas, nove registraram prejuízos naquele ano, destacando a necessidade de uma gestão mais eficaz e transparente dessas entidades para mitigar os riscos econômicos e de corrupção.