Pesquisadores fizeram uma descoberta surpreendente: Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, pode abrigar uma camada subterrânea de diamantes com até 18 quilômetros de espessura. De acordo com um estudo recente, esses diamantes teriam se formado há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, logo após o planeta ter se consolidado a partir de uma nuvem de poeira e gás, sob condições extremas de pressão e temperatura.
Os cientistas recriaram o ambiente infernal do interior de Mercúrio em laboratório, utilizando uma máquina chamada "bigorna de pressão", geralmente usada para estudar como materiais se comportam sob pressões extremas. Nesse experimento, eles submeteram uma mistura sintética de elementos a pressões 70.000 vezes maiores do que as encontradas na Terra e temperaturas de até 2.000 graus Celsius. O resultado? O grafite, uma forma de carbono presente na superfície de Mercúrio, se transformou em cristais de diamante.
Essa descoberta lança nova luz sobre os mistérios do interior de Mercúrio, um planeta que, apesar de estar tão próximo de nós, permanece amplamente inexplorado. Composto por um grande núcleo metálico que ocupa 85% de seu raio, Mercúrio é o segundo planeta mais denso do sistema solar, depois da Terra. Sua superfície é cinza devido à presença predominante de grafite, mas os pesquisadores agora acreditam que camadas mais profundas escondem um tesouro literal de diamantes.
A missão MESSENGER da NASA, que orbitou Mercúrio entre 2011 e 2015, já havia revelado que o planeta é rico em carbono. No entanto, o estudo atual sugere que o processo de formação de diamantes continua em andamento, à medida que o núcleo de Mercúrio esfria lentamente. Embora a espessura da camada de diamantes seja uma estimativa, a presença de enxofre no planeta, que reduz o ponto de fusão dos materiais, pode ter criado as condições ideais para a formação desses cristais preciosos.
Apesar do fascínio que a ideia de uma camada de diamantes em Mercúrio pode gerar, os cientistas afirmam que seria impossível minerá-los, mesmo com futuras tecnologias avançadas, devido à profundidade em que se encontram, cerca de 500 quilômetros abaixo da superfície. No entanto, há uma possibilidade intrigante de que erupções vulcânicas no passado possam ter trazido alguns diamantes à superfície, semelhantes ao que acontece na Terra.
Além de Mercúrio, o estudo também abre portas para a compreensão da evolução de exoplanetas com composições semelhantes. Se planetas fora do nosso sistema solar tiverem uma química baixa em oxigênio como Mercúrio, eles também poderiam abrigar camadas de diamantes em suas profundezas.
Futuras missões, como a BepiColombo, uma colaboração entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), que deverá entrar em órbita de Mercúrio em dezembro de 2025, prometem revelar mais segredos sobre o interior do planeta. As medições feitas por essa missão podem confirmar a presença de diamantes na superfície de Mercúrio ou trazer novas informações sobre sua composição interna.
Enquanto aguardamos por mais respostas, a ideia de um planeta escondendo um vasto tesouro de diamantes em suas profundezas continua a alimentar a curiosidade e o fascínio pelo desconhecido.